quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Estilo Luís XV









Estilo Luís XV (1723 – 1774)



O estilo Luís XV esta inserido no período Rococó das artes e sofreu na França, por causa da Companhia Marítima para as Índias as influências orientais da Turquia e da China. Toda as obras sofrem influências. O estilo Luís XV é considerado o mais original dos estilos franceses, totalmente livre da inspiração clássica.


O reinado de Luís XV foi um momento onde o convívio social ganhou uma grande importância, trazendo alegria e fantasia para as pessoas e o imediatismo era uma característica da época e não há como separar a arte da mentalidade vigente.


Neste período ao contrário do que foi o império antecessor, as mulheres ganharam uma grande importância social, é um período onde o feminino exala no cotidiano. Essa época de prazeres e alegrias estava intimamente ligada à figura feminina, tendo sido as mulheres motivos das maiores inspirações para a decoração na corte.


As mulheres passam a participar não só das artes como também da literatura e da política.


Neste período temos como destaque a figura feminina da Madame de Pompadour, amante do monarca Luís XV, que era uma mulher de grande cultura, exemplo de elegância e inteligência, influenciando politicamente as decisões reais, ela se tornou uma empreendedora e foi a peça principal na promoção de produções artísticas,como por exemplo o patrocínio real que ela conseguiu para a manufatura das Cerâmicas e Porcelanas de Sèvres, que depois tornou-se famosa pela delicadeza e graça das peças e foi popularizada também por ela a importação oriental dando destaque para as porcelanas e móveis chineses. Chegou a ser conselheira do rei, tornando-se uma das mulheres mais poderosas de sua época.







O Rococó é um estilo artístico que em fins do séc. XVIII, foi visto com certo desdém pelos artistas do período, principalmente na Itália era visto com desprezo, tendo sido até mesmo sinônimo de uma arte fútil, de mau gosto, exagerada e boba.

“É uma afirmativa injusta, julgar toda uma arte que produziu efeitos ricos e encantadores, por causa de alguns exemplos de mau gosto.”


Alayde Parisot

"Bem,tenho procurado ser neutra no que escrevo,procuro assim tentar ser o mais ética possível,não copio,pesquiso e crio os meus textos baseada na bibliografia que escolhi sempre procuro expor aos meus leitores o que eu compreendi, procuro não esboçar meus julgamentos; do que seja belo ou não, afinal tudo o que estamos vendo é arte e até por que o objetivo aqui não é julgar quem é o autor certo ou errado, até porque não estamos tentando defender aqui idéia nenhuma e sim passar informações que já foram pesquisadas e não são de tão fácil acesso para um público maior que se interessa pelo assunto. Mas me sinto a vontade para expressar minha opinião em relação ao Rococó:
Opinião esta que publicarei no final deste texto."
Sylvana Kelly

Na decoração deste estilo vê-se toda a originalidade, imaginação e espírito de invenção que dotou os artistas da época.
A redução da proporção e a mudança do caráter das linhas, modificou todo o cenário.A emoção a profundidade das linhas retas,das curvas em compasso,da simetria e da pompa foram substituídas pela graça,jovialidade,delicadeza e leveza das curvas a mão livre,assimétricas e alegres.





















O Mobiliário

“O móvel era a preocupação máxima da época. Nunca se viu tal luxo, tal prodigalidade, nunca à imaginação dos fabricantes forneceu formas mais ricas, mais móveis desconhecidos das gerações anteriores.”


Henri Clouzot

Depois de coroado Luís XV passa a viver em pequenas peças chamadas de apartamentos no palácio de Versalhes, para mobiliar essas peças sente-se a necessidade de móveis mais delicados, menores e funcionais que proporcionem maior conforto sendo elegante e prático.

Neste período com a vida social mais íntima e intensa surgiram muitos móveis, com diferentes finalidades, porém todos prezando pela delicadeza e encantos extraordinários com estruturas esculturais, linhas soltas, leves e assimétricas que pareciam fluir em movimento. Móveis fabulosamente trabalhados, com cuidado minucioso em cada detalhe da sua decoração.

Os elementos decorativos do período tinham como motivos à natureza, buscavam na natureza a fantasia e a inspiração, como por exemplo, as conchas, as flores com caule ou em ramos, as folhagens, rochas... O mobiliário pintado também se tornou muito popular, em vermelho vivo, amarelo, azul, preto ou dourado e a laca era muito utilizada.
Surgiram às pequenas escrivaninhas, o semanário (cômoda com sete gavetas, alta e estreita), bibliotecas, vitrinas e penteadeiras, a marquesa que é parecida com a bergère, sendo que tem o espaldar baixo.

Surgem também as salas de banho formando uma unidade com o quarto de dormir.


As cadeiras mostram perfeita noção de conforto e luxo. Os entalhes à princípio numerosos ficam restritos aos eixos, ao espaldar, assento e braços. O espaldar alto foi substituído por um espaldar mais baixo e as cadeiras eram feitas agora para se adequar mais ao corpo humano, as pernas eram características do período "cabriolet". A chaise longue era mais longa e própria para reclinar, havia a bergère como na época anterior e a bergère confessional.
O estofamento era feito com moirés, brocados, tafetá, toile de jouy ou tapeçarias Gobelins e Beauvais, as tapeçarias usadas para cobrir as cadeiras representavam cenas de personagens lendários ou bíblicos, nos encostos e nos assentos animais, com arremates em guirlandas de flores e pássaros. Os assentos de palhinhas para cadeiras e sofás também foram muito utilizados, nestes eram colocadas almofadas soltas ou fixas recebendo couro ou tapeçaria.








































































As mesas eram terminadas com a perna cabriolet, em sua maioria tinham o tampo de mármore, surgiram várias mesas; para escrever, costurar, jogar e etc. Haviam mesas que eram desenhadas para ocasiões especiais, como os jogos.Surgiram várias escrivaninhas.














































As cômodas proliferaram nesse período com uma variedade enorme de formas, existiam os toucadores (mesa com espelho), as secretárias com inúmeras gavetas e frente em “bombé” ou “serpentine” (ligeiramente abaulada ou com ondulações) como os bureaus e bonheur-du-jour.










































As camas afastam-se das paredes e aparecem acompanhadas de uma mesa de cabeceira, colocada ao seu lado apenas à noite. Tinham vários modelos, sendo mais comum as com alcova ou com cortinados por trás da cabeceira, eram bem menores do que as camas da época anterior.
















Já no fim do reinado de Luís XV há uma liberdade, superficialidade e maneirismo levados ao exagero, numa proliferação confusa de formas, curvas e motivos ornamentais e começa a decadência deste estilo e a necessidade de uma arte mais calma.


“Que em fins do século XVIII alguns estudiosos achassem o Rococó um estilo fútil, exagerado e bobo é bem normal, mas no século XXI ?...
Eu tenho sido testemunha desse preconceito, já li e reli esse tipo de afirmativa em vários profissionais da área e acho de certo modo um grande preconceito e vejo a necessidade desses profissionais ampliarem seus horizontes, por que tenho certeza que essas pessoas desconhecem o assunto e apenas repetem o que ouviram algum Arquiteto ou Decorador famoso falar e que podem ter falado também de maneira errônea ou porque dotados de todo o conhecimento realmente abominam o estilo, acho muito duvidoso que algum tipo de especialista ache algum estilo de arte brega fútil ou vazio e ainda acredito na ignorância, e algumas pessoas continuam como papagaios alastrando esse conceito.
Bem, darei minha opinião;
Esse conceito de que o Rococó é de mau gosto vem do final do século XVIII, então temos que saber o que acontecia em fins do séc. XVIII para que julgassem essa arte romântica, alegre e feminina assim. No séc. XVIII surgiram os grandes filósofos iluministas ( Diderot,Voltaire,Montesquieu,Condillac,Wolff...) foi um período onde o pensamento iluminista imperou e o que era esse pensamento????????????
Em poucas palavras tentarei explicar

O iluminismo busca o racional, descaracteriza o homem do animal, para a filosofia iluminista, não somos animais, somos seres culturais. Porém não se animem isso só vale para os homens, a mulher como menstrua, é sensível e engravida é totalmente separada do racional, a mulher para os homens dessa época é tida como um ser que não tem consciência plena, pois ela não se separa da natureza, portanto é um ser irracional. A mulher pelo poder da sedução é uma ameaça ao gênio masculino, só serve para a procriação e arrasta o homem para o baixo ventre, é vista como um ser perigoso!

Hoje depois das duas grandes guerras as teorias iluministas assumem formas totalmente diferente, não é mais vista como verdade,caiu,desabou e serve para ser estudada e para entendermos um período, mas não para julgarmos hoje de forma igualitária o que foi julgado há dois séculos atrás.

Como fica claro, não havia condições desse período julgar de outra maneira essa arte tão feminina, porém o assunto é grande e vocês não devem julgar por mim, mas sim buscar o entendimento desse período e dessa arte tão atacada, já que o Rococó constitui uma fase singular dentro do imenso movimento artístico e de idéias que ocorreram no séc. XVIII e não foi um estilo fechado sobre si mesmo, estava ligada a vínculos passados e expectativas futuras. Pra quem se interessar posso indicar algumas bibliografias sobre o período...”

Sylvana Marques